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sábado, 21 de março de 2009

Biografia: João Alberto Capiberibe, o Capi

Trajetória de um Líder Amazônico...

Foto: Daniel de Andrade

Por Ana Miranda / Adaptação: Nezimar Borges

Foto: Daniel de Andrade (Carapanatuba 1992)

João Alberto Rodrigues Capiberibe

Profissao: Zootecnista
Nascimento: 06/05/1947, Afuá - PA
Filiação: José Freitas Capiberibe e Raimunda Rodrigues Capiberibe
Nome do cônjuge: Janete Góes Capiberibe
Data de aniversário: 12/05
Filhos: Artionka, Camilo e Luciana
Formação educacional: Formado em Engenharia Agrícola, pela Univesidade do Chile, Talca.

Em Afuá, na ilha de Marajó, nasceu João Capiberibe no ano de 1947. Seu pai, poeta e músico, trabalhava em Belém como condutor de bonde, e depois de casado resolvera se embrenhar na floresta. O menino cresceu às margens do rio Xarapucu, uma região isolada, sem eletricidade, sem escola. Aos sete anos João sabia nadar, subir no açaizeiro, pescar, e o pai já o considerava pronto para a vida, mas a mãe queria que as crianças estudassem e a família mudou-se para um bairro pobre de Macapá. Enquanto cursava o primário, João trabalhava como vendedor de jornal, loteria, frutas.

Aos 10 anos entrou para um seminário de padres italianos, onde recebeu formação religiosa e humanista, interessando-se pela Bíblia e pela vida dos santos. Estudou em Macapá até os 17 anos. Na Escola Normal conheceu Janete, posteriormente professora e deputada federal, com quem viria a se casar. Passaram a militar no movimento estudantil. Em 1966 João partiu para Belo Horizonte, e ali começou a estudar Economia. De volta a Belém, na Faculdade de Economia teve contato com a Ação Libertadora Nacional, e foi ao Rio encontrar Carlos Mariguella. João e Janete partiram para uma região de extrema pobreza na divisa do Pará com o Maranhão, a fim de organizar um grupo de guerrilha, mas foram presos. Torturado, João precisou fazer uma greve de fome para que lhe permitissem ver a filha recém-nascida. Doente, pesando 51 quilos, foi transferido para a Santa Casa, de onde conseguiu fugir, pela porta da frente do hospital, vestido com um avental de médico. Viajou clandestinamente por Manaus, Porto Velho, Guajará-Mirim, Cochabamba, rumo a um longo exílio que duraria dez anos.

Os primeiros tempos do exílio foram passados entre a Bolívia, o Peru e o Chile. João conviveu com povos ribeirinhos, operários, camponeses, índios, caminhoneiros, artesãos, com diversas situações de pobreza, de miséria, de injustiças, de devastação do ambiente, conhecendo por dentro problemas da Amazônia e da América Latina. Mas, também, deparou-se com a grande força da floresta, e percebeu as fabulosas possibilidades de um desenvolvimento não destrutivo. Com a queda do presidente do Chile, Salvador Allende, os Capiberibe foram para o Canadá, onde João formou-se em zootecnia. Depois mudaram-se para Moçambique, onde foi cooperante internacional. Dali retornaram ao Brasil, em 1979, após a anistia.

No Amapá, João Capiberibe sofreu perseguições políticas, e teve de mudar-se novamente, indo residir com a família em Pernambuco, onde se ligou a Miguel Arraes. Em seguida foi para o Acre, organizando ali sociedades agrícolas no Vale do Juruá. Em 1988, foi eleito para a prefeitura de Macapá, e em 1994, governador do estado, por dois mandatos. Criou um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, unindo política, economia e questões ambientais. Teve uma atuação moralizadora, até mesmo extinguindo a aposentadoria para governadores do estado. Foram anos de crescimento sustentável no Amapá, e o êxito de sua política o consagrou senador da República, em 2002. Durante sua intensa vida político-administrativa, João Capiberibe combateu projetos predadores e modernizou a gestão do Amapá, descentralizando o dinheiro, que passou a ir diretamente para a comunidade a ser beneficiada. A partir de 1999, criou um programa para extrair informação de receitas e despesas do orçamento do Estado. Todos os gastos eram publicados via internet, em dados simplificados, para que o contribuinte pudesse acompanhar o uso do dinheiro público. Em sua vida legislativa, a luta mais importante é a aprovação de uma lei que obriga os governos a divulgar pela internet seus orçamentos, melhor forma de evitar desvios e mau uso do dinheiro público.

João Capiberibe teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, após o Ministério Público do Amapá ter recusado, por falta de provas, denúncia contra o senador e sua esposa, relativa a compra de dois votos no valor de 26 reais.

Na época, ambientalistas e políticos simpatizantes dos Capiberibe – dentre eles a ministra Marina Silva, o Governador Jorge Viana, o então ministro Cristóvão Buarque, Chico Buarque, Chico César, Zuenir Ventura, Márcio Moreira Alves, e o próprio presidente Lula, entre outras pessoas dignas e notórias - vieram em sua defesa. O então presidente do PSB, Miguel Arraes, soltou nota em que dizia: “surpreendendo o país, os fatos apontados como irregulares carecem de fundamento e são incompatíveis com a história pública de seriedade, respeitabilidade e combate ao abuso do poder econômico que distinguem as atuações e militância política do ex-governador João Capiberibe e da deputada Janete Capiberibe”. João e Janete Capiberibe, nas palavras do advogado Dalmo Dallari, “são duas figuras públicas do mais alto nível, por sua integridade, por seu espírito público, por seu respeito pelas instituições, assim como por seu compromisso com os valores fundamentais da pessoa humana.”

Experiente e sensível às causas populares, João Alberto Capiberibe foi o primeiro governador do País a adotar o desenvolvimento sustentável como programa de governo. Aberto a novas idéias de desenvolvimento, Capi surpreendeu o mundo com o tratamento dispensado à população mais carente, tratando lideranças indígenas como chefes de estado. Descentralizou o orçamento estadual e a responsabilidade de fiscalizar a aplicação dos recursos em vários setores.

Seu modelo de Administração chamou a atenção de organismos governamentais e não governamentais tanto do Brasil quanto de outros países da Europa, em primeiro plano a França, com quem mantiveram parcerias institucionais. Aliás, o Amapá é o único estado brasileiro que faz fronteira terrestre com a União Européia, através da Guiana Francesa, que na época de seu governo teve excelentes projetos comuns na área de energia, saúde, educação, pesquisa científica, meio ambiente e turismo ecológico. Entre os vários parceiros estiveram o Unicef e a Anistia Internacional.
Internamente manteve parcerias com sindicatos, clubes de serviços e outras organizações não governamentais, além de órgãos federais e municipais.

Capi e Jacques Chirac/Capi com Lula na II Conferência da Amazônia/Capi e Olivio Dutra, prefeitos em 1991/Capi com Janete, indios Waiapi e Chaquinha na reinauguração da Fortaleza-1998/ Capi campanha para prefeito em 1998.

Sua administração já inovou na segurança pública com a implantação do Susp (Sistema Unificado de Segurança Pública) e da polícia interativa, onde os policiais passam por cursos de segurança e cidadania. Na área de educação, melhorou o ensino público, criando a bolsa escola e o caixa escolar. Por falar nisso, na época de seu governo, todos os anos mais de 50% dos aprovados no vestibular da Universidade Federal do Amapá ( Unifap ) saíam das escolas públicas. Ainda na área da educação, criou a escola bosque, localizada no arquipélago do Bailique, que durante seu governo a grade curricular mantinha disciplinas adaptadas à realidade da região e com cursos especiais sobre pesca, carpintaria naval, meio ambiente e outros.

Na economia, Capi deu um grande passo de inovação. Implantou na agricultura os sistemas agroflorestais que garante que ao agricultor uma produção diversificada, possibilitando a colheita de produtos o ano inteiro, aumentando a variedade de produtos nas feiras e mercados e assegurando mais renda ao agricultor. Mas a movimentação da economia não se resumia a isso. Na área de educação, o governo criou mecanismos de fortalecimento de economia local. Com a merenda regionalizada o governo passou a adquirir alimentos nas feiras de produtores rurais. O mesmo aconteceu com móveis escolares, depois que o governo passou a investir nas movelarias através do Promob ( Programa de Modernização Tecnológica do Setor Mobiliário ). Com isso gerou-se renda e emprego. O investimento no beneficiamento da castanha do Brasil e o incentivo para sua exportação também ajudou no crescimento econômico do Estado. Uma mini - indústria de beneficiamento da amêndoa foi montada no município de Laranjal do Jari que passou a exportar o produto para a França.

Mas foi o açaí uma das principais fontes de renda e emprego do Estado. O pesquisador francês Denys Poulet, com apoio do Iepa (Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá ), desenvolveu um estudo sobre a importância do açaí para a economia local e descobriu que o mercado do açaí movimenta no Estado mais de R$ 20milhões/ano, sendo que R$ 18,2 milhões é só do fruto e R$ 2,1 do palmito.

Este modelo de desenvolvimento surge num momento em que o mundo questiona e cobra uma solução para o desenvolvimento predatório do meio ambiente, que gera pobreza e desequilíbrio ecológico. Ao contrário de tudo isso, o Amapá, um pequeno estado amazônico, mostrou ao mundo como se gerava riqueza sem destruir a natureza.

Mandatos Eletivos:

Prefeito 1º/01/1989 a 31/01/1992/ AP
Governador
1º/01/1995 a 31/01/1998/ AP
Governador
1º/01/1999 a 31/12/2002/ AP
Senador 1º/02/2003/ AP

Cargos Públicos:

Assessor do Ministério da Agricultura - Governo de Moçambique, em Maputo (20/01/1978 a 1º/01/1980);

Subsecretário do Desenvolvimento Agrário, em Cruzeiro do Sul (10/01/1984 a 15/05/1985);

Secretário de Agricultura, em Macapá (15/07/1985 a 15/07/1987).

OUTRAS INFORMAÇÕES:
Integrou o movimento estudantil no Amapá.

TRABALHOS PUBLICADOS:
Monografia:
- Amapá. [S.l.:s.n.], [19-?]. 1 v.
Artigo de Revista:
- Estados querem mais autonomia. Rumos do Desenvolvimento. v. 19, n. 112, p. 3-8, mar./abr. 1995.

(fonte: História do Capi)

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