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terça-feira, 21 de abril de 2009

Biografia: Karl Marx


O filósofo e economista socialista alemão Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, ao Sul da Prússia (atual Alemanha), no dia 5 de maio de 1818. De uma família de classe média judaica, foi o segundo dos oito filhos do advogado Hirschel Marx com sua esposa, Henriette Pressburg. Graças às leis anti-semitas promulgadas pelo rei da Prússia, sua família se converteu ao protestantismo em 1824. Durante a infância até a adolescência, Marx foi considerado um excelente aluno. Ao concluir o Liceu de Trier em 1835, entra na Universidade de Bona, e depois na de Berlim, onde cursa Direito, interessando-se, sobretudo por História e Filosofia. Em Berlim, aderiu ao círculo dos "hegelianos de esquerda" (Bruno Bauer e outros) que procuravam tirar da filosofia de Hegel conclusões atéias e revolucionárias.

Em 1841 termina o curso com uma tese de doutoramento intitulada Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Ao sair da Universidade, Marx fixou-se em Bona, onde contava tornar-se professor. Mas a política reacionária de um governo que, em 1832, tinha tirado de Ludwig Feuerbach da sua cadeira de professor, recusando-lhe novamente o acesso à Universidade em 1836, e que em 1841 proibira o jovem professor Bruno Bauer de fazer conferências em Bona, obrigou Marx a renunciar a uma carreira universitária. Em 1842 os burgueses radicais da Renânia (região ao Sul da Prússia, onde se localiza Bona) criam um jornal, A Gazeta Renana, onde Marx torna-se redator-chefe em outubro do mesmo ano, mudando-se para a cidade de Colônia. Sob a direção de Marx, a tendência democrática revolucionária do jornal acentuou-se cada vez mais e o governo começou por submetê-lo a uma dupla, e até mesmo tripla censura, o que acabou na suspensão completa do jornal em 1843, e na sua proibição em março daquele ano.

Em 1843, Marx casou-se, em Kreuznach, com Jenny von Westphalen, que pertencia a uma família nobre e reacionária da Prússia. No casamento tem cinco filhos: Franziska, Edgar, Eleanor, Laura e Guido. No Outono de 1843, Marx foi para Paris para editar no estrangeiro uma revista radical em colaboração com Arnold Ruge; contudo só houve o primeiro fascículo desta revista, intitulada Anais Franco-Alemães, que teve de ser suspensa por causa das dificuldades com a sua difusão clandestina na Alemanha e de divergências com Ruge. Nos artigos de Marx publicados pela revista, ele aparece-nos já como um revolucionário que proclama "a crítica implacável de tudo o que existe" e em particular apela para as massas e o proletariado. Em 1944, Marx escreve seu primeiro grande trabalho, o artigo Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel.

Em Setembro do mesmo ano, Karl Marx conhece o industrial Friedrich Engels em Paris, onde se tornam grandes amigos. Ambos tomaram uma parte muito ativa na vida agitada da época dos grupos revolucionários de Paris (especial importância assumia então a doutrina do anarquista Proudhon, que Marx submeteu a uma crítica impiedosa na sua obra Miséria da Filosofia, publicada em 1847, como resposta da obra de Proudhon, Filosofia da Miséria) e, numa árdua luta contra as diversas doutrinas do socialismo pequeno-burguês, elaboraram a teoria e a tática do socialismo proletário
revolucionário ou comunismo (marxismo). Em 1845, a pedido do governo prussiano, Marx foi expulso de Paris como revolucionário perigoso; foi para Bruxelas, na Bélgica, onde fixou residência. Na Primavera de 1847, Marx e Engels filiaram-se numa sociedade secreta de propaganda, a Liga dos Comunistas, onde tiveram papel destacado no II Congresso desta Liga (Londres, Novembro de 1847) e por incumbência do Congresso redigiram o célebre Manifesto do Partido Comunista, publicado em Fevereiro de 1848. Quando eclodiu a revolução de Fevereiro de 1848, na França, Marx foi expulso da Bélgica. Regressou novamente à Paris, que deixou depois da revolução de Março para voltar à Alemanha junto à sua família e com Engels para fixar-se em Colônia, aproveitando a morte de Guilherme IV, antigo rei da Prússia. Foi aí que apareceu, de 1 de Junho de 1848 até 19 de Maio de 1849, a Nova Gazeta Renana, de que Marx foi o redator-chefe. A nova teoria foi brilhantemente confirmada pelo curso dos acontecimentos revolucionários franceses de 1848-1849 e posteriormente por todos os movimentos proletários e democráticos em todos os países do mundo. A contra-revolução vitoriosa arrastou Marx ao tribunal (foi absolvido em 9 de Fevereiro de 1849) e depois expulsou-o da Alemanha (em 16 de Maio de 1849). Voltou então para Paris, de onde foi igualmente expulso após a manifestação de 13 de Junho de 1849, e partiu depois para Londres, onde Engels já estava exilado. Em Londres, Karl Marx viveu seus últimos dias.

As condições desta vida de emigração eram extremamente penosas, como o revela com particular vivacidade a correspondência entre Marx e Engels (editada em 1913). Marx e sua família viviam literalmente esmagados pela miséria; sem o apoio financeiro constante e dedicado de Engels, Marx não só não teria podido acabar O
Capital, como teria fatalmente sucumbido à miséria. Além disso, as doutrinas e as correntes predominantes do socialismo pequeno-burguês, do socialismo não proletário em geral, obrigavam Marx a sustentar uma luta implacável, incessante e, por vezes, a defender-se mesmo dos ataques pessoais mais furiosos e mais absurdos. Conservando-se à margem dos círculos de emigrados, Marx desenvolveu numa série de trabalhos históricos a sua teoria materialista, dedicando-se, sobretudo ao estudo da economia política. Revolucionou esta ciência nas suas obras Contribuição para a Crítica da Economia Política (1859) e O Capital (1867).

A época da reanimação dos movimentos democráticos, no final dos anos 50 e nos anos 60, levou Marx a voltar ao trabalho prático. Foi em 1864 que se fundou em Londres a célebre Associação Internacional dos Trabalhadores, a I Internacional. Marx foi a sua alma, sendo o autor de um grande número de resoluções, declarações e manifestos. Unindo o movimento operário dos diversos países, procurando orientar numa via de atividade comum as diferentes formas do socialismo não proletário, pré-marxista, combatendo as teorias de todas estas seitas e escolas, Marx foi forjando uma tática única para a luta proletária da classe operária nos diversos países. Depois da queda da Comuna de Paris (1871) e depois da cisão provocada pelos partidários de Bakunin (um grande teórico do Anarquismo), a Internacional não pôde continuar a subsistir na Europa. Depois do Congresso de 1872 em Haia, Marx conseguiu a transferência do Conselho Geral da Internacional para Nova lorque. A I Internacional tinha cumprido a sua missão histórica e dava lugar a uma época de crescimento infinitamente maior do movimento operário em todos os países do mundo, caracterizada pelo seu desenvolvimento em extensão, pela formação de partidos socialistas operários de massas no quadro dos diversos Estados nacionais.

A sua atividade intensa na Internacional e os seus trabalhos teóricos, que exigiam esforços ainda maiores, abalaram definitivamente a saúde de Marx. Prosseguiu a sua obra de transformação da economia política e de acabamento de O Capital, reunindo uma massa de documentos novos e estudando várias línguas (o russo, por exemplo), mas a doença impediu-o de terminar O Capital.

A 2 de Dezembro de 1881, morre a sua esposa. A 14 de Março de 1883, Marx faleceu de tuberculose sobre a mesa de seu escritório. Foi enterrado junto da sua mulher no cemitério de Highgate, em Londres, num setor reservado às pessoas banidas e rejeitadas pela Igreja Anglicana. Vários filhos de Marx morreram muito jovens (Franziska, Edgar e Guido), em Londres, quando a família atravessava uma grande miséria. Três das suas filhas casaram com socialistas ingleses e franceses: Eleanor Aveling, Laura Lafargue e Jenny Longuet; um dos filhos desta última foi membro do Partido Socialista Francês.

Obras

Entre os principais trabalhos de Marx, está Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel, de 1844; é o primeiro esboço sobre a dialética Hegeliana, visto sobre uma ótica materialista dialética. Os Manuscritos Econômico-Filosóficos, também de 1844, foram publicados somente em 1932, na União Soviética, e é uma obra inacabada; explana acerca da alienação humana, e expõe a teoria de um Socialismo humanista. As Teses sobre Feuerbach, redigidas em 1845, critica o materialismo teórico de Feuerbach, expondo também um novo materialismo, uma nova filosofia, que ao invés de apenas interpretar o mundo, também se encarregaria de modificá-lo. Também escrito em 1945, A Sagrada Família foi uma obra feita na parceria de Marx com Engels, que visava a crítica ao hegeliano Bruno Bauer e seus irmãos. A Ideologia Alemã, de 1845-46, também foi uma obra comum dos dois, e não fora publicada por motivo de censura, visto que mostrava a filosofia marxista, o materialismo marxista.

Em 1847, Marx escreve A Filosofia da Miséria, severa crítica ao anarquista francês Proudhon, que anteriormente havia criticado Marx em sua obra Filosofia da Miséria. No mesmo ano a dupla Marx e Engels redige seu último livro juntos, O Manifesto do Partido Comunista, em que expõe um resumo do que é o materialismo histórico, e um breve apelo à revolução proletária; é nessa obra que os dois proclamam a célebre frase "Proletários de todo o mundo, uni-vos!".

Em 1852 sai nos jornais O 18 Brumário de Luís Bonaparte, primeira análise de um fato histórico (no caso o golpe de Estado de Luís Bonaparte na França) com a teoria do materialismo histórico; essa mesma obra é publicada como livro em 1869. Sobre a Crítica da Economia Política, de 1859, também é uma crítica da sociedade com a mesma teoria, e é complementada com Esboço de Crítica da Economia Política, escrito em Londres entre 1851-58, que é inacabado.

Em 1867 Marx escreve então sua obra-prima, O Capital – volume 1, o qual trata sobre a economia, principalmente a teoria da acumulação capitalista, a formação da mais-valia, entre outros assuntos. Os volumes 2 e 3 d'O Capital foram publicações póstumas, editadas por Engels em 1885 e em 1894. Karl Kautsky publicou outros textos como volume IV, em 1904-10.

Filosofia marxista

1 – Materialismo dialético

Tendo como base o pensamento dos filósofos gregos Demócrito e Epicuro acerca do materialismo, e de Heráclito acerca da dialética (do grego dois logos, dois opiniões contrárias), Marx cria o Materialismo dialético, como oposição ao Idealismo de Hegel e ao Materialismo de Feuerbach.

No Materialismo dialético há apenas a matéria, o objeto; portanto nega-se a existência de Deus e da alma. Nesse método, as leis do pensamento são as mesmas da realidade, é realidade e pensamento a um só tempo. A realidade teria as suas condições internas, a chamada tese; logo surgiriam as contradições dessas condições, a chamada antítese; a tese e a antítese formariam então a união das contradições, que resultariam então na superação dessas contradições conhecidas como síntese. Essa incessante luta de opostos, segundo Marx, seria o motor da história, visto que é dessa forma que os processos históricos da humanidade se desenvolvem.

2 – Materialismo histórico

Com o Materialismo histórico, seria possível explicar os diferentes processos históricos da humanidade. Para que isso aconteça, é necessário antes comparar a sociedade a uma construção: há a infra-estrutura (tijolos, cimento, etc.), em que se encontra a economia, o contexto econômico da sociedade, e depois vem a super-estrutura (reboco, pintura, etc.), que no contexto histórico são as leis, ideologias, religião, justiça, ou seja, todo o aparato de idéias.

O homem é autor da própria história, contudo não pode escolher as condições em que ele vive, pois estas condições são pré-estabelecidas; e essas condições são justamente a infra-estrutura e a super-estrutura da sociedade. Logo, no materialismo histórico o entendimento desses aspectos torna-se vital para a compreensão dos processos históricos, o que é provado na obra O 18 Brumário de Luís Bonaparte, em que o filósofo estuda o golpe de Estado bonapartista com a visão materialista histórica.

3 – A luta de classes

Segundo Marx, "A história de todas as sociedades que existiram até hoje é a história de lutas de classes". Ou seja, durante toda a história, os fatos foram decididos com as lutas de classes opostas (senhores de escravos – escravos, senhores feudais – servos, burgueses – proletários). Logo, sempre, na história da humanidade, houve a luta entre exploradores e explorados, e na sociedade capitalista isso não seria diferente.

Com o Capitalismo, a economia mundial se unificaria cada vez mais, chegando ao ponto de todos os povos do mundo trabalharem apenas para um pequeno grupo de empresários. Isso seria o estopim para o início da revolução proletária que se encaminharia, com o objetivo de destruir essa realidade. O capitalismo (tese) sofreria suas contradições internas (exploração de poucos sobre muitos, desigualdade, luta de classes – a antítese), que por fim resultaria na superação do sistema (síntese), que seria o Socialismo, sistema político-econômico em que o Estado seria o proprietário dos meios de produção, ou seja, da propriedade privada. Esse sistema seria caracterizado pela ditadura do proletariado, ou seja, a exploração de muitos sobre poucos; no fim esse sistema também sofreria suas contradições internas, o que resultaria no Comunismo, sistema político-econômico em que o Estado é dissolvido, e não há mais classes sociais.

Para que tudo isso acontecesse, seria necessária antes a formação dos partidos de vanguarda do proletariado, que educaria os trabalhadores, visto que esses são alienados pela ideologia reinante, a ideologia burguesa. Por sua vez, esse partido não teria a função única de ganhar votos e satisfazer interesses próprios (como é o que acontece), mas sim lutar junto aos trabalhadores, libertando-os da alienação. Dessa forma, chegaríamos ao ponto mais alto dos modos de produção, o Comunismo.

4 – Economia política

Sua principal contribuição foi, sem dúvida, para a economia política. Sua obra-prima, O capital, expõe seu trabalho de anos de pesquisa no Museu Britânico.

Utilizando um método de análise coerente, Karl Marx analisa o Capitalismo como um modo de produção transitório, com suas bases e contradições. O valor, aqui dividido em valor-de-uso e valor-de-troca, é visto como a célula-máter do sistema capitalista. O valor-de-uso é cristalizado na mercadoria, que por sua vez contém em si o seu valor-de-troca e a mais-valia, que é a parte do valor da produção que vai para o patrão, constituindo assim no seu lucro.

Além do valor, a mais-valia também é dividida em dois tipos: mais-valia absoluta e mais-valia relativa. A mais-valia absoluta é o valor produzido a mais pelo proletário, numa hora extra de trabalho que não é paga a esse trabalhador. Já a mais-valia relativa é também um valor extra produzido pelo trabalhador que não é paga, contudo só é adquirida através da troca de máquinas ultrapassadas por máquinas novas e mais eficientes, o que aumenta a produção capitalista.

Conclusão

Karl Marx é um dos mais importantes filósofos da humanidade, sendo estudado nos ramos da economia, política, filosofia, sociologia e na história. Suas teorias revolucionárias serviram como base para os mais diversos movimentos políticos pelo mundo todo, sendo inspiração até mesmo nas greves e manifestações dos mais diversos.

Com o materialismo histórico-dialético, Marx não mudou só a forma de analisar o mundo, mas também a forma de transformar esse mundo, visto que o mesmo já disse em sua obra Teses sobre Feuerbach: "Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo." Com isso, Marx estaria dando aos marxistas (seguidores das suas doutrinas) o seu dever principal: transformar o mundo para melhor, formando cada vez mais uma sociedade mais justa e igualitária.

Marx e Engels não queriam simplesmente mudar o mundo, mas primeiro estudá-lo, para reconhecer a melhor forma de modificá-lo; isso os diferenciou dos socialistas utópicos, pelo fato de que, ao contrário destes, o socialismo marxista tinha um embasamento científico, por isso mesmo sendo conhecido como socialismo científico. Essa idéia é bem clara na sua obra conjunta Manifesto do Partido Comunista, em que a tese do socialismo científico é inaugurada oficialmente.

Ao lado de Adam Smith e David Ricardo, Marx foi sem dúvida um dos maiores economistas que a humanidade já teve. O economista foi quem analisou mais profundamente o sistema capitalista, tendo sua carreira identificada por ser um grande crítico desse sistema político-econômico, que segundo ele será destruído pela classe proletária. A destruição do capitalismo ainda não ocorreu, contudo Marx é hoje em dia considerado um verdadeiro "profeta" pelo fato de ele já ter previsto, em pleno século XIX, o fenômeno da globalização do mercado! É claro que este não dizia o nome do fenômeno, apenas o descrevia.

Com tudo isso, Karl Marx ainda hoje é cultuado como um grande pensador. O fundador do marxismo é a grande inspiração dos partidos de esquerda atuais, além de ser o grande responsável pela maioria dos movimentos políticos tanto do século XX como do século XXI, movimentos esses que garantem, até hoje, os direitos que conquistamos.

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